A Venezuela deixou de pagar uma parcela de US$ 262 milhões (cerca de R$ 820 milhões) a fornecedores brasileiros no início deste mês. Para tentar reaver o dinheiro e evitar novos calotes, o governo enviará emissários técnicos ao país para negociar.

A comitiva, formada por representantes do Banco Central e Ministério da Fazenda, espera apenas a permissão do governo venezuelano para iniciar as conversas. A previsão é que desembarque em Caracas na semana que vem.

A maior preocupação do governo brasileiro são as parcelas que ainda estão por vencer. Segundo fontes ouvidas pela Folha, a Venezuela deve cerca de US$ 5 bilhões (R$ 15 bilhões) a fornecedores brasileiros, e a maior parte dessa dívida é de obras feitas pelas construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, todas com financiamento do BNDES.

Devido aos acordos comerciais que envolvem os países latinos americanos, e as parcerias feitas pelos governos Lula e Dilma com o governo venezuelano, empresas brasileiras como a Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez fizeram várias obras naquele país, e com financiamento do BNDES. Existe uma carteira denominada CCR (convênios de pagamentos e créditos recíprocos), em que o Banco Central de cada país torna garantidor das negociações.

As obras realizadas foram o metrô de Caracas e de Los Teques, obras de saneamento e até uma usina siderúrgica.

O Brasil é um dos únicos países que ainda tem um bom relacionamento comercial com a Venezuela, e devido a isso acredita-se que os compromissos serão honrados, para que não “seque” a única fonte de financiamento que ainda negocia com o país em crise.

O Brasil suspendeu as exportações a Venezuela, no âmbito CCR,e espera que a situação seja regularizada. Em 2014 o Brasil exportou mais de 4 bilhões de dólares ao país vizinho. Este ano foram apenas 282 milhões de dólares.