Mãe morre de depressão após morte do filho não ser investigada

“Mãe botei 5 reais lá para fazer o meu enterro quando eu morrer”, disse Janaina para sua mãe.

Brasil gazetacrnews em 09 de novembro, 2018 08h11m
“Mãe botei 5 reais lá para fazer o meu enterro quando eu morrer”, disse Janaina para sua mãe.

Nacional - Em 2015, Janaína Soares, que já havia perdido o marido em um assalto, viu o filho morrer após ser baleado por um policial durante uma operação em Manguinhos, comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ). Nesta segunda-feira (5), após três anos sofrendo de depressão, ela passou mal e morreu, como mostrou a TV Globo ontem (7). A investigação da morte de seu filho não tem sinais de conclusão.

A causa oficial, segundo os médicos, foi “indeterminada”, mas para os familiares e amigos, foi a tristeza que matou Janaína.

A mãe dela conta que há tempos, a filha tinha perdido a alegria e o brilho. Segundo Maria das Graças Soares, a vida de Janaína começou a mudar desde a morte do marido. Na época, os dois filhos só tinham 3 e 4 anos.

O outro choque aconteceu quase 10 anos depois com a morte de Christian, o filho mais velho, que tinha 13 anos. O adolescente morreu em setembro de 2015. Segundo a família, Christian levou um tiro que partiu da arma de um policial, enquanto ele jogava bola, num campo de futebol da comunidade.

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A mãe contou para a reportagem da TV Globo que Janaína nunca se recompôs após a morte do filho. Ela foi indenizada pelo estado e o dinheiro que recebeu foi suficiente para reformar a casa e fazer uma pequena poupança, de R$ 5 mil. No entanto, Janaína morreu sem saber o final da investigação, três anos após o crime.

“[O policial] confirmou. Confirmou que foi a polícia. E o moço pediu perdão [o policial]. Mas perdoar quem para tirar uma vida? Só Deus que pode perdoar. A gente não é ninguém para perdoar. Aí ela [Janaína] falou ‘mãe botei 5 reais lá porque quando eu morrer, para você fazer o meu enterro’. E eu fui ontem, lá no banco, estava lá para ‘mim’ enterrar a minha filha. Ela deixou o dinheiro para ser enterrada. É dose viver assim. Vir uma pessoa tirar a vida assim de um inocente. Leva o meu neto, agora a minha filha também foi embora”, disse Maria das Graças.

O recente caso do jovem de 17 anos, morto também em Manguinhos, no fim de semana, enquanto andava de bicicleta, mexeu com o coração de Janaína, como contou uma amiga.

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