Notícia - Um culto evangélico organizado para receber duas pessoas vindas de Osasco, na Grande São Paulo, pode ter propagado o novo coronavírus em uma pequena cidade no interior de Mato Grosso do Sul até então livre da doença.
Na quarta-feira (06/05), a prefeitura de Caarapó — cidade com 30 mil habitantes próxima à fronteira do Brasil com o Paraguai — anunciou que os visitantes, de 43 e 45 anos, haviam sido diagnosticados com covid-19 após procurarem os serviços locais de saúde.
Antes de serem examinados, a dupla participou de um culto organizado na casa de parentes em Caarapó. Mais de 30 pessoas — entre os quais idosos — compareceram à cerimônia, segundo a prefeitura.
O médico Silvio Ueda, presidente do comitê de enfrentamento à covid-19 em Caarapó, disse à BBC News Brasil que a dupla rompeu o isolamento obrigatório e deixou o município na quinta-feira.
Ele acredita que os dois tenham retornado a Osasco. A prefeitura fez um boletim de ocorrência. "Eles estão cometendo um crime contra a saúde pública", afirmou Ueda.
Segundo o médico, 13 casas cujos moradores estiveram no culto foram isoladas e estão sendo monitoradas.
Ele diz que a prefeitura vinha proibindo aglomerações e recomenda a visitantes que evitem contatos com muitos moradores.
"Infelizmente, um ato irresponsável como esse pode pôr a perder todo nosso esforço para manter Caarapó livre da doença", afirmou.
Ueda diz que a dupla, que havia chegado à cidade em 1º de maio, apresentava sintomas leves da doença até deixar o município.
O principal cuidado, segundo ele, foi isolá-los de familiares idosos com quem conviveram intensamente nos últimos dias.
Se os parentes manifestarem sintomas gripais, serão imediatamente testados, segundo o médico.
Um respirador disponível
Ueda afirma que a cidade separou oito leitos para atender pacientes com covid-19 e dispõe de um único respirador para quadros graves. Agora, há planos de comprar mais um.
Ele diz que a confirmação dos casos fez com que a prefeitura reforçasse a campanha para estimular os moradores a ficar em casa e a usar máscaras quando saírem à rua.
Ueda diz que o nome da igreja frequentada pelos organizadores do culto não será divulgado para preservar a instituição e as famílias afetadas.