Santo Antonio da Platina: Vereadores reduzem os salários sob pressão da população

O salário do prefeito seria corrigido para R$ 22 mil e dos vereadores para R$ 7,5 mil.

Política em 19 de julho, 2015 17h07m
A comerciante Adriana que tomou frente e ganhou o apoio do povo
A comerciante Adriana que tomou frente e ganhou o apoio do povo

O salário do prefeito seria corrigido para R$ 22 mil e dos vereadores para R$ 7,5 mil. Com a revolta da população, o prefeito vai ganhar 12 mil e os vereadores R$ 950,00 por mês. Em Costa Rica o vereador ganha R$ 6 mil, o prefeito R$ 21 mil e a diária é de R$ 600 reais.

Foi uma vitória para a população, um exemplo para todos”, comemora a empresária Adriana Lemes de Oliveira, que com sua indignação conseguiu mobilizar os moradores de Santo Antônio da Platina, no norte do Paraná, fazendo com que os vereadores desistissem de um aumento salarial para o prefeito e os próprios legisladores da cidade.

Um projeto de lei apresentado na Câmara Municipal previa o aumento do salário do prefeito dos atuais R$ 14,7 mil para R$ 22 mil, e dos vereadores, de R$ 3,7 mil para R$ 7,5 mil. Após a pressão popular, os legisladores desistiram do aumento e aprovaram uma emenda reduzindo os salários.

No dia da primeira votação, na terça-feira (14), a empresária se revoltou com o aumento e reclamou com os vereadores. O protesto foi registrado em vídeo, e as imagens se espalharam pela internet. A população acabou indo em peso à segunda votação, na quarta-feira (15), e o projeto inicial de aumento de salários foi alterado.

Por enquanto, o prefeito continuará ganhando R$ 14,7 mil. Mas a partir do próximo mandato, o salário será de R$ 12 mil, de acordo com a emenda do projeto.

Já a remuneração do presidente da Câmara, que está em R$ 4 mil, vai ser de R$ 970. A dos vereadores, que é de R$ 3,7 mil, também será de R$ 970. Todas as mudanças passam a valer em 2017.

A empresária conta que decidiu ir até a Câmara por ficar indignada com a proposta do aumento. “Vi a notícia e falei com meu marido o quanto aquilo era revoltante. Em nenhum momento esse aumento seria aceitável. Ainda mais no tempo que vivemos, com a crise que estamos passando no país”, conta Adriana.

Discussão com vereador
No local, ela acabou discutindo com o vereador José Jaime de Paula Silva (PSB), mais conhecido como Mineiro. A cena foi gravada e compartilhada nas redes sociais.

“Eu perguntei se ele [o vereador] não tinha vergonha de querer aumentar o salário em meio à crise que estamos vivendo. Ele respondeu ‘crise, eu não estou em crise’. Fiquei indignada”, diz a empresária.

Eu perguntei se ele [o vereador] não tinha vergonha de querer aumentar o salário em meio à crise que estamos vivendo. Ele respondeu ‘crise, eu não estou em crise'."

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Adriana Lemes de Oliveira, empresária

Questionado após a sessão que aprovou a redução, o vereador confirmou que “não está em crise”. “Ela chegou brava, falando que o país está quebrado. Mas eu não estou quebrado, graças a Deus estou com a vida tranquila, levanto seis horas da manhã, cuido do meu sítio, sou pequeno pecuarista e trabalho 24 horas”, afirma Mineiro.

O vídeo com Adriana cobrando uma postura diferente dos vereadores mobilizou a cidade. Comerciantes fecharam as lojas mais cedo para que os funcionários pudessem participar da sessão.

Ao chegar ao local, Adriana foi aplaudida por parte da população que estava presente na Câmara. “Eu mobilizei os amigos, chamei quem conhecia para ir pressionar os vereadores contra esse aumento. Foi lindo quando cheguei e vi o local lotado", destaca.

Do aumento à redução
A cobrança inicial era que o aumento fosse retirado de pauta. Porém, para surpresa da empresária, os vereadores decidiram apresentar a emenda, reduzindo os salários. "Foi uma vitória da população de Santo Antônio da Platina. Eu não imaginava que o meu gesto, a minha revolta, teria tanta repercussão”, comemora.

Filha de um ex-vereador e ex-presidente da Câmara, ela lembra que o pai não recebia salário como vereador. “Ele passou a ganhar depois da metade do mandato, e era um salário mínimo”, diz.

“Não dá para aceitarmos essa ideia da pessoa usar a política como profissão. Não sou contra o pagamento de salário para eles. Mas não dá para aceitar esses valores que eles querem ganhar”, reclama.

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